Nos primeiros anos de vida do bebê, o elo entre mãe e filho se estabelece, principalmente, a partir do toque. Uma das formas de promover este contato é através da Shantala. A Shantala é uma técnica de massagem indiana para bebês, derivada da técnica Ayurvédica, com vários benefícios já bem documentados pela literatura científica. A prática foi popularizada pelo obstetra francês Frédérick Leboyer quando, em uma viagem ao sul da Índia, viu uma mãe acariciando seu filho de forma amorosa e acolhedora. A mulher se chamava Shantala e a maneira dócil e cuidadosa como tocava a criança passou a ser estudada por Leboyer e conhecida mundialmente.

A técnica tem como uma das funções estimular o sistema sensorial através do toque e alongar alguns músculos importantes para o desenvolvimento. Através do toque, a massagem promove inúmeros benefícios como a estimulação do sistema sensorial (ou seja, contribui para a integração sensorial e consequentemente reforçando as conexões entre os neurônios), a consciência corporal (o bebê ganha mais noção de espaço e dos limites do seu corpo e se movimenta melhor conforme se desenvolve) e intensifica o vínculo afetivo mãe-bebê. Além disso, alivia as cólicas (a Shantala pode contribuir para o alívio do desconforto, pois os movimentos ajudam a relaxar a musculatura abdominal, diminuindo assim as dores, gases e prisão de ventre), melhora a qualidade do sono por promover o relaxamento do bebê, melhora o sistema imunológico, diminui a produção do hormônio do estresse (cortisol), contribui com a respiração, melhora o alongamento muscular e corporal e traz segurança e aconchego. Estudos mostram que a Shantala pode ser um ótimo recurso terapêutico para auxiliar o desenvolvimento de bebês prematuros (o toque promove o ganho de peso e a estabilidade da temperatura corporal).

Dentro do desenvolvimento do bebê, a Shantala auxilia na melhora da respiração porque expande a caixa torácica. Os movimentos no abdômen auxiliam o funcionamento do intestino e do estômago. A posição em que o bebe fica – de costas – estimula a coluna vertebral. A movimentação de braços, mãos, pernas e pés facilitam o desenvolvimento da musculatura e o aprendizado de abrir e fechar, pegar e soltar.

Apesar dos benefícios para o desenvolvimento do bebê, a Shantala tem suas limitações: pode ser feita somente a partir dos 30 dias de vida (pois nessa idade há uma melhor maturidade da pele e a região do umbigo já estará praticamente cicatrizada) e preferencialmente em um ambiente calmo e acolhedor onde mãe e bebê possam estar envolvidos pela técnica. Em casos de doenças, é interessante ter cautela pois a massagem pode potencializar o quadro. E por último, se o bebê estiver tomado vacina, deve-se ter cuidados ao massagear a área perfurada, pois pode estar dolorido. Éimportante ressaltar que a orientação de um profissional é importante para garantir que nada esteja sendo feito de maneira errada ou prejudicando o bebê.

O método poderá ser feito em crianças até  7 anos de idade ou até quando elas aceitarem a prática. A Shantala não é indicada caso a criança apresente sinais como febre, diarreia ou resfriado, para não aumentar o desconforto decorrente dessas complicações. Além disso, a prática é contraindicada em crianças que estejam com fome ou logo após serem amamentadas. Como pode ser feita diariamente, é importante que os pais sintam qual horário o filho se sente mais confortável para recebê-la. Durante a aplicação, também é fundamental que os familiares higienizem bem as mãos, que devem ser lavadas antes com água e sabão. Além disso, é importante retirarem acessórios que podem machucar o corpinho do bebê, como anéis e pulseiras. A Shantala é um momento especial da rotina da família. Se incorporada no ritual do sono, ajuda inclusive a criança a aprender a dormir a noite inteira. Uma dica para auxiliar neste processo é finalizar a técnica com um banho quente.

Uma das situações que mais afeta a convivência entre pais e filhos pequenos é a hora de dormir. No entanto, algumas dicas baseadas na neurociências podem contribuir para que isso possa ser superado e trazer benefícios para o descanso da família. Os bebês em seus primeiros meses de vida não devem ter nenhum tipo de rotina imposta, afinal eles estão vivenciando muitas novidades e conhecendo um mundo novo.

Nos primeiros meses de vida do bebê, existe uma adaptação à rotina, inclusive a de sono. não responsável por induzir o sono, é sintetizado e liberado de forma irregular –  O sono fica imprevisível e os bebês podem dormir de dia e ficar acordados durante grande parte da noite. Tudo porque esse hormônio é produzido quando não há luz. E sua liberação começa quando fechamos os olhos. Após os três primeiros meses e conforme a resposta de cada bebê, afinal não é uma regra, pois cada criança tem o seu tempo e os pais devem respeitar esse desenvolvimento, já é possível iniciar algumas rotinas com os pequenos, como por exemplo, ao final da tarde quando ele estiver acordado, buscar acalmá-lo com brincadeiras que não exijam muito desgaste ou que não gerem muita euforia, reduzindo os estímulos visuais e sonoros. 

As crianças que retornam de suas atividades escolares ao final da tarde chegam em suas casas ainda com vontade de brincar e os pais devem estimular isso, no entanto, a rotina pode ser criada a partir deste momento –  fazer uma refeição, tomar um banho quente, reduzir a luminosidade dos ambientes, realizar brincadeiras mais leves, contar histórias e assim deixar os pequenos prontos para uma noite tranquila de sono. As rotinas além de saudáveis para pais e filhos, também são muito importantes, principalmente para os pequenos, até para que eles possam lidar melhor com o dia a dia.

O sono é reparador, pois durante a noite a criança consolida a memória e absorve o aprendizado do dia. O descanso de forma incorreta pode ser prejudicial pois deixa as crianças irritadas, chorosas e com oscilações de humor. Portanto, seguindo algumas dicas simples já é possível ter benefícios na convivência familiar e uma melhor qualidade de vida (e sono!) para pais e filhos.