Uso da bandagem em crianças com paralisia cerebral

Boy during kinesio taping therapy

Não é de hoje que sabemos que a bandagem promove inúmeros benefícios aos pacientes, principalmente no combate a dores musculares. Como já escrevemos aqui no blog, a kinesio tape está sendo muito utilizada no tratamento de doenças neurológicas, principalmente em crianças.

A fisioterapia está buscando novas técnicas para que a reabilitação de crianças seja mais leve e rápida. A Bandagem surge como uma opção, principalmente em crianças com paralisia cerebral, já que estudos vêm comprovando que ela eleva a ativação muscular e auxilia no controle da sialorréia (deglutição da saliva).

Paralisia Cerebral

A paralisia cerebral (PC) é uma desordem não progressiva do sistema nervoso central, causada pela falta de oxigenação no cérebro do bebê. Ela causa uma forte rigidez muscular, alterações do movimento, da postura, falta de equilíbrio, falta de coordenação e movimentos involuntários, necessitando de cuidados durante toda a vida.

A criança com PC pode apresentar alterações motoras, posturais e de tônus muscular, levando à não coordenação dos movimentos e limitações de atividades.  Dentre as alterações neuromotoras e musculoesqueléticas, encontram-se encurtamentos musculares, desalinhamento biomecânico e fraqueza muscular.

O  tratamento  de crianças  com PC é realizado  por meio de técnicas convencionais   de Fisioterapia, tais como, o conceito Neuroevolutivo Bobath, a Hidroterapia e a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP).

Atualmente métodos inovadores estão sendo incluídos no programa de reabilitação onde encontramos a bandagem. A bandagem vem sendo tão estudada ultimamente, pois apresenta características importantes como ser hipoalergênica, possuir secagem rápida, elasticidade ideal, grande durabilidade e disposição da cola no formato de micro-ondulações, o que facilita a sua aplicação em tecidos e articulações.

O que os estudos falam?

Em 2014, em um estudo publicado pela revista “Developmental Neurology and Child Development” sobre os efeitos da bandagem em crianças com paralisia cerebral. Este estudo concluiu que a bandagem é uma abordagem complementar a resposta proprioceptiva, a aptidão física, função motora grossa e as atividades da vida diária.

Já em 2015, um estudo realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) considera a hipótese de que a bandagem é capaz de promover uma estimulação sensorial durante a aplicação na epiderme, o que aumenta as aferências para o sistema somatosensorial. Assim, acredita-se que ocorrerá a estimulação de mecanorreceptores cutâneos (receptores de Ruffini), que são ativados com o estiramento e pressão da pele. Entretanto, cientificamente, não há comprovação que a bandagem ative este mecanismo.

Como conclusão deste estudo, a bandagem aparece como uma promissora técnica, pois demonstra resultados benéficos na melhora da função motora grossa de crianças com PC.

Outros estudos foram capazes de comprovar a eficácia da bandagem na melhora do controle da sialorréia. Com isso, a bandagem se destaca como um importante recurso também na área de fonoaudiologia.

Devemos destacar que a bandagem só deve ser aplicada por profissionais habilitados das área de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.

A técnica da bandagem pode ser aplicada em diversas outras áreas. Quer aprender mais? A Neurocrescer está com turma aberta para o curso de Bandagem na Neuropediatria. Aproveite, pois as inscrições são limitadas.